Sempre gostou de contar dinheiro. Vivia cantando e contando. Adorava os extratos crescendo, os juros das contas remuneradas, os aniversários das cadernetas... O que podia, economizava para ver o montante crescer.
Nunca ia ao cinema, evitava comer fora, não aumentava a mesada dos filhos há 3 anos... Na última vez que fora ao supermercado com a esposa, acabou o casamento.
Desde então, solitário, seu estado foi se agravando. Começou a emagrecer pois comprava menos comida. Chegou a alugar o próprio apartamento e foi viver na rua.
Quando seu filho o encontrou, estava morando sob o viaduto do Méier, cercado de mendigos. Esse foi o limite. Interditaram judicialmente o pobre homem e gastaram todo o seu dinheiro.
No hospital psiquiátrico, ele passou o resto da vida guardando todo o tipo de quinquilharia. - Temos que pensar no futuro..., dizia.
Morreu em dois anos.
Fabio Rocha