topbella

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Me domine.



"Quer me deixar louca por vc?
Não me dê escolha.
Diga onde vamos,
o que vamos comer,
o que vamos fazer.
Seja, não pergunte.
Tenha atitude".

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Futuro



Sempre gostou de contar dinheiro. Vivia cantando e contando. Adorava os extratos crescendo, os juros das contas remuneradas, os aniversários das cadernetas... O que podia, economizava para ver o montante crescer.


Nunca ia ao cinema, evitava comer fora, não aumentava a mesada dos filhos há 3 anos... Na última vez que fora ao supermercado com a esposa, acabou o casamento.


Desde então, solitário, seu estado foi se agravando. Começou a emagrecer pois comprava menos comida. Chegou a alugar o próprio apartamento e foi viver na rua.


Quando seu filho o encontrou, estava morando sob o viaduto do Méier, cercado de mendigos. Esse foi o limite. Interditaram judicialmente o pobre homem e gastaram todo o seu dinheiro.


No hospital psiquiátrico, ele passou o resto da vida guardando todo o tipo de quinquilharia. - Temos que pensar no futuro..., dizia.


Morreu em dois anos.



Fabio Rocha











terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Aquilo

— De uns tempos para cá, eu só penso naquilo.
— Eu penso naquilo desde os meus, sei lá, 11 anos.
— Onze anos?
— É. E o tempo todo.
— Não. Eu, antigamente, pensava pouco naquilo. Era uma coisa que não me preocupava. Claro que a gente convivia com aquilo desde cedo. Via acontecer à nossa volta, não podia ignorar. Mas não era, assim, uma preocupação constante. Como agora.
— Pra mim sempre foi. Aliás, eu não penso em outra coisa.
— Desde criança?!
— De dia e de noite.
— E como é que você conseguia viver com isso, desde criança?
— Mas é uma coisa natural. Acho que todo mundo é assim. Você é que é anormal, se só começou a pensar naquilo nessa idade.
— Antes eu pensava, mas hoje é uma obsessão. Fico imaginando como será. O que eu vou sentir. Como será o depois.
— Você se preocupa demais. Precisa relaxar. A coisa tem que acontecer naturalmente. Se você fica ansioso é pior. Aí sim, aquilo se torna uma angústia, em vez de um prazer.
— Um prazer? Aquilo?
— Pra você não sei. Pra mim, é o maior prazer que um homem pode ter. É quando o homem chega ao paraíso.
— Bom, se você acredita nisso, então pode pensar naquilo como um prazer. Pra mim é o fim.
— Você precisa de ajuda, rapaz.
— Ajuda religiosa? Perdi a fé há muito tempo. Da última vez que falei com um padre a respeito, só o que ele me disse foi que eu devia rezar. Rezar muito, para poder enfrentar aquilo sem medo.
— Mas você foi procurar logo um padre? Precisa de ajuda psiquiátrica. Talvez clínica, não sei. Ter pavor daquilo não é saudável.
— E eu não sei? Eu queria ser como você. Viver com a perspectiva daquilo naturalmente, até alegremente. Ir para aquilo assoviando.
— Ah, vou. Assoviando e dando pulinho. Olhe, já sei o que eu vou fazer. Vou apresentar você a uma amiga minha. Ela vai tirar todo o seu medo.
— Sei. Uma dessas transcendentalistas.
— Não, é daqui mesmo. Codinome Neca. Com ela é tiro e queda. Figurativamente falando, claro.
— Hein?
— O quê?
— Do que é que nós estamos falando?
— Do que é que você está falando?
— Daquilo. Da morte.
— Ah.
— E você?
— Esquece.

Luis Fernando Verissímo

domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu entendi bem?

Foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, um projeto de lei que garante o direito de pensão alimentícia e partilha de bens aos amantes.
É isto mesmo que você leu, aos AMANTES.


A proposta, válida para ambos os sexos fala que a união formada em desacordo aos impedimentos legais não exclui os deveres de assistência e a partilha dos bens.
Ainda de acordo com a propositura, não será qualquer caso extraconjugal.
É preciso provar a estabilidade da união!?!
O autor da proposta, deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), diz que o texto moderniza o Código Civil, de 2002, mas feito com base em um projeto dos anos 70, ou seja, baseado em uma sociedade com valores diferentes.
Parece piada, mas não é.
Eu acho que existem leis mais importantes para serem criadas e debatidas. E o pior, além de enterrar a já falida família brasileira, o projeto, de certa forma estimula e valida a bigamia.
E agora fica a dúvida. Como provar que seu caso extraconjugal é estável?
E como também definir para qual amante deverá ser paga a pensão?
Bom, para a Rosana é só um motelzinho, já a Mônica merece uma cesta básica..com a Micaela uma cerveja no drive já está de bom tamanho..enfim..
Bem vindos a legalização da bigamia no Brasil...isso claro, se esta patifaria for adiante.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O amor nos faz réles mortais.

Depois que acaba você pensa se não era melhor que nunca tivesse acontecido.
Fica a sensação de uma história incompleta a cada novo passo que se dá, é algo que só você sabe que carrega e pesa mas que precisa continuar sorrindo da mesma maneira como se não estivesse lá; você não sabe se se afasta o mais depressa ou se permite que no corpo os sentimentos todos doam até quem sabe se acalmarem – a questão é: existe alternativa para a falta de ar?



Não haverá outra chance igual a esta, numa vida igual a esta, nas mesmas condições ideiais de temperatura e pressão, porque apesar de ser ‘macaco velho’ quando o assunto é amor, você nunca sabe quando algo começa e porque começa, nem se sente capaz de voltar ao estado que era antes dele te tocar porque a partir de agora no seu corpo você convive não com a sensação de onde ele te tocou mas de onde ele não vai mais te tocar, é como um fantasma na sua pele, você quer e não quer exorcizar, quer e não sabe, se alguém souber não me diga, a dor é minha amiga, ela me lembra dele e conversa comigo sobre ele, só dói porque é repetitiva, não conta as novidades, só o que ele já sabe: o que tivemos, como éramos, como termina.


A gente aumenta o volume da tevê para pensar em outra coisa e se sente mal quando percebe que o conflito na faixa de Gaza parece fichinha diante do conflito dentro de você: o amor nos faz relés mortais. Noites inteiras não foram suficientes para tudo o que você sentia e agora você acredita que se tivesse pelo menos mais duas horinhas ele sentiria tudo o que explode dentro de você, coisas que podia ter dito, gestos que poderia ter feito, idéias que passaram pela sua cabeça, daquelas que dão um giro de 180 graus na sua vida e na dele. O problema de não se definir mais o que é amor hoje em dia é que quando é amor você não sabe mais como dizer, só descobre quando é tarde demais para saber. Daquele corpo que ora lhe tocava por descuido ora lhe tocava com paixão apenas a falta que faz, o frio que antes eu não percebia, a solidão de que eu já não me lembrava mais.

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"Há na sensualidade uma espécie de alegria cósmica". Ou não?